AINDA LEMBRO-ME DA FITA K7

Quando um pequeno objeto lhe traz grandes memórias

Há muito tempo não ouvia falar em fita k7, até minha professora de escrita lembrar-me deste pequeno equipamento que continha uma série de músicas. Talvez nem todo mundo saiba o que é, mas posso dizer que esta tecnologia em um corpo de plástico carregava muitas histórias. Pelo menos para mim. Em casa o aparelho de som antigo, que minha mãe ganhou, tocava vários ritmos. Ia do samba ao rock.

Confesso que foi quando começou o meu gosto musical. Primeiro Roxette (uma dupla da Suécia), depois outras bandas de rock dos anos 80 e 90. Internacionais eram e são minhas preferidas, mas tinha uma banda brasileira também. Legião Urbana. “Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração.” Quem se lembra dessa? A famosa canção de Eduardo e Mônica, que até virou filme. 

Hoje poderia dizer que é um filme parecido com a minha vida (em alguns aspectos). Trabalhando como jornalista conheci um rapaz quase nove anos mais novo que eu e com uma experiência de vida bem diferente da minha.  Jogador de futebol, tranquilo, sem pressa, ainda procurando o que queria da vida. De um coração enorme. Quando percebi estava envolvida e apaixonada. Em quatro anos namorei, casei-me, saí do emprego, de casa, da cidade e do meu estado. Vim para São Paulo, por amor e em busca de uma nova vida. Desde então, vivo uma transformação. “Quem irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração.” 

Apesar de Legião Urbana encerrar as atividades em 1996, as canções de Renato Russo me inspiram até hoje. Como a música “Há tempos”, quando diz: Disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem.  Manter-me firme em meu propósito de vida é libertador. Fazer o bem sem olhar a quem me traz uma força enorme para continuar meu caminho. Sim, a empatia em minha vida ainda é algo essencial. Olhar a dor do outro e senti-la em você é primordial para a humanidade, mas muitas vezes as pessoas se esquecem. E por isso, ter bondade é ter coragem. 

Hoje não posso mais me inspirar ouvindo as músicas naquele velho aparelho de som na sala grande de casa, rodopiando com uma escova na mão e cantando. O aparelho não existe mais, nem as fitas k7. Não vou mais com tanta frequência na casa de meus pais. Mas ainda tenho lembranças vivas em mim e uma pasta no aplicativo de celular com todas as canções que me marcaram um dia.

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