Quantas vezes em sua vida você já ouviu que precisa fazer isso ou aquilo. Tem momentos que são coisas necessárias mesmo, mas a forma como as pessoas dizem pode impactar, e muito nossas decisões. Sempre achei que o melhor jeito de ensinar algo, é mostrando o que de bom ou ruim aquela ação vai nos trazer. E, claro, fica à critério da pessoa seguir ou não por aquele caminho. Para mim, a imposição pode nos levar à repulsa, a fazer o contrário do que foi indicado. Ou mesmo à frustração.
As crianças, por exemplo, quando alguém fala: você não pode fazer isso, você não vai! Se ela ficar com raiva pela forma como falaram, o que ela faz? O contrário do que foi exigido. Exatamente porque ao invés de explicar o mal que aquela ação pode lhe causar, determinou que não podia. Quando jovens, a situação se repete e, às vezes, até de forma um pouco diferente. “Você precisa fazer essa faculdade.” “Tem que trabalhar com isso.” Nessa idade, eles precisam aprender a analisar e ter discernimento sobre o que vai ser melhor para eles ou não. É preciso mostrar pontos positivos e pontos negativos para saber o que escolher. Porque no fim das contas, cada um arca com suas próprias escolhas. Nossa felicidade depende do caminho que escolhermos. Por isso, a escolha é sua e de mais ninguém.
Aconteceu comigo…
Aos meus trinta e poucos anos as pessoas falavam que eu precisava aprender a dirigir, ter uma carteira de habilitação e ninguém me explicava o porquê. Somente que eu tinha que fazer autoescola. Eu não tinha um carro e nem a vontade de comprar um. Mas fui lá e fiz infinitas aulas de legislação, direção e passei um sufoco nesse período. Em minha primeira avaliação prática eu tremia por dentro. A ansiedade era tanta que eu tinha vontade de colocar tudo para fora. Resultado, não passei. Comprei mais aulas, até me sentir pronta para fazer o exame novamente. Marquei. Na verdade, eu não me sentia pronta, mas queria acabar logo com aquele sofrimento e mostrar minha habilitação para que as pessoas parassem de me cobrar. Consegui.
Passei anos sem praticar um dia sequer. Uma vez ou outra me cobravam dirigir, mas eu não ligava. Até que precisei mudar para uma cidade grande, enorme. E carro poderia trazer um pouco de conforto e agilidade para ir de um lugar para outro. Liberdade! Nesse momento, eu mesma decidi que queria dirigir e estava na hora de enfrentar meus medos e ansiedade. Tive incentivo, sem pressão e foi ótimo. Estou fazendo aulas e os 50 minutos por dia que passo dentro de um carro mexem com meu corpo todo. Boca seca, vontade de gritar, suor excessivo, dor na lombar e por aí vai. Mesmo com tudo isso, não passa pela minha cabeça em nenhum momento desistir, sabe por quê? Porque eu decidi que quero, ninguém me obrigou, é um desejo meu. A escolha é minha e de mais ninguém. O foco é superação.

Nossas decisões nem sempre nos levam para um caminho lindo, calmo e florido. Pode ter muitos obstáculos. Como diria Carlos Drummond de Andrade: “Tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra”. O que a gente faz? Passa por todas elas, evitando se machucar. Um arranhão ou outro será história para contar no futuro e lembrar que valeu muito à pena. Porque foram nossas escolhas e nós conseguimos chegar aonde queríamos.
Acredito que a partir do momento que enfrentamos nossos medos, adquirimos conhecimento e acreditamos que somos capazes, alcançamos o “empoderamento feminino”.
Extamente! E isso leva um tempo…e o autoconhecimento é uma ferramenta importante para nos tornarmos capazes!