A primeira vez que fui a um estádio em São Paulo
Acordei ansiosa. Não era meu time do coração que iria jogar, mas queria apreciar o que o futebol tem de melhor: a paixão dos torcedores. Era minha primeira vez em um estádio em São Paulo. Para completar, um dia de sol de outono gostoso. Deu até para colocar uma blusa de manga curta. Optei por uma branca. Combinava mais com as cores do Palmeiras, que não é o meu time de coração, mas do meu marido. O jogo era contra o Bragantino e mesmo vestida adequadamente ele insistiu em levar uma camisa verde extra.
Chegando à estação de metrô Barra Funda, fui ao banheiro e lá vi muitas mulheres trocando de roupa e ajeitando a maquiagem. Era tanta gente com camisa verde, que parei por um tempo me olhando no espelho. Eu estava vestida adequadamente? Estava. Mas minha blusa branca tinha uma mancha. Saí e pedi ao meu marido a camisa verde extra que estava com ele. Olhando assustado e sem entender me entregou. Quando saí do banheiro, ele me olhou com um sorriso nos olhos e eu percebi que tinha valido a pena.
No caminho até o estádio tinha muita gente. Vendedores ambulantes, torcedores e barracas de comida. Os bares estavam cheios e era difícil encontrar alguém que não estivesse vestido com as cores do Palmeiras. Meu marido me explicava que alguns eram super tradicionais em dias de jogo e o pessoal chegava cedo para comer e beber. Uma festa incrível do lado de fora. Torcida organizada, bateria e muitos cantos entoando a tarde de sábado.
Observei uma família ao lado. O pai todo feliz queria tirar foto com os filhos uniformizados, mas só um quis. A menina adolescente recusou por três vezes. Deveria ser a primeira vez e ela não se deixou levar pelos encantos do futebol. Acho que mais para frente poderá se arrepender de não ter um registro daquele dia com os pais. Mas isso, normalmente, a gente só entende depois que cresce e vêm as lembranças.
Quando entrei no estádio e cheguei ao meu assento, deparei-me com um fim de tarde lindo. O Allianz Parque é enorme e estava aconchegante. Sentamo-nos bem perto do gramado e eu fiquei maravilhada. Eu amo futebol e acompanhar aquela partida foi um prazer. Apesar de toda hora alguém passar na minha frente. Um senhorzinho, sentado atrás com o filho, dava gargalhada todas as vezes que eu me virava para os torcedores passarem. Lembrei de quando levei meu pai a um estádio (que lembrança gostosa). Com meu marido, comemorei quatro gols, mas só dois valeram. Vitória do Palmeiras. E antes que alguém pense, não cantei o hino, tenho meu time de coração…apenas apreciei o que o futebol tem de melhor.
E como é bom ver que realmente, não é só um jogo. É uma celebração da amizade, do amor em família. É compartilhamento de alegrias, tristezas e indignações. Lembro-me que a cada falta não dada ao Palmeiras um casal a nossa frente se indignava. Os dois se olhavam e franziam a testa. Os gritos eram os clássicos do futebol, os não elogios ao juiz. Mas as cenas que ficaram gravadas na minha mente foram as comemorações. Dois rapazes lado a lado, que não se conheciam resolveram compartilhar um abraço. Um pai pegou o filho no colo e o levantou como um troféu. E eu? Recebi um estoque enorme de beijos.