VOCÊ NÃO SE ENCAIXA MAIS NO PASSADO

O tempo passa e, às vezes, nossa mente está presa em algumas coisas de anos atrás

A gente sabe que não é legal, mas tem horas que o inconsciente cisma com algo. Certo dia estava me arrumando para sair e raramente uso vestidos ou saias (não sei o porquê), mas tenho vários no armário. Como era uma noite quente resolvi ousar e colocar um básico que eu achava bonito em mim. Olhei no espelho e me senti mal, achei horrível, aquele vestido simplesmente não encaixava mais em mim. Fiquei triste, briguei comigo. Como assim eu havia engordado tanto? Por que me descuidei? Neste momento meu marido perguntou: há quanto tempo você tem esse vestido? Eu disse: há uns quatro anos. E ele respondeu: é muito tempo, você não é mais a mesma pessoa, evoluiu, seu corpo pode não ser o mesmo, não se prenda no passado.

A observação “não se prenda no passado” ficou na minha mente. Dias depois me deparei com uma música escrita por Belchior e que fica linda na voz de Elis Regina. Chama-se Roupa Colorida e um trecho dela me levou para aquele momento de desapegar do passado. Separei um trecho da letra:

Você não sente nem vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
E o que há algum tempo era jovem novo, hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer(…)

(…)No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais(…)

Coloquei em prática

A primeira coisa que fiz foi retirar do meu armário todas as roupas antigas que não me serviam mais. De certa forma era para não ficar mais triste todas as vezes que eu olhasse para elas. Mas a verdade é que não dá para jogar o passado fora. Ele está lá, mas já passou. Tem momentos, que na correria dos dias não observamos que a vida passa e a gente se transforma. Por dentro e por fora. Quem fica parado no caminho só olhando para trás, não está vivendo. Envelhecemos, nosso corpo muda, a gente muda e vive nossa metanoia, que já falei aqui no blog. Afinal, toda borboleta vive sua metamorfose. E depois que sai do casulo ela não é mais a mesma.

E essa simples reflexão do cotidiano me fez lembrar mais uma canção, que gosto muito, de Frejat e Cazuza, interpretada por Ney Matogrosso. (Sim, a arte mexe comigo.) O nome é Poema. A melodia é linda e a letra faz você viajar. Tem uma parte que se encaixa bem nessas mudanças que passamos ao longo dos anos.

(…)De repente, a gente vê que perdeu

Ou está perdendo alguma coisa

Morna e ingênua

Que vai ficando no caminho

Que é escuro e frio, mas também bonito

Porque é iluminado

Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás. (…)

Para mim a beleza está em perceber a transformação, entender que o corpo envelhece. É acolher as mudanças que chegam e sempre se cuidar. Digo e repito: o amor-próprio e autocuidado são os principais combustíveis para uma vida menos pesada e triste. É claro que você não consegue plenamente do dia para noite. Acontece aos poucos, mas para isso, é preciso olhar para dentro e se conhecer melhor.

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